Situação precária em casas de apoio prejudica pacientes com HIV

Portadores do vírus enfrentam falta de vagas em Campinas e região.
Responsáveis pelas ONGs reclamam da falta de investimento no setor.

 

A precariedade no atendimento aos portadores de HIV nas casas de apoio de Campinas (SP) e região prejudica o tratamento dos pacientes que foram abandonados pela família. Segundo os responsáveis pelas instituições, faltam vagas e também ocorre o desprezo de investimentos no setor.

Na cidade são quatro instituições que atendem pessoas portadoras do vírus HIV. Para uma destas ONGs, a Casa de Apoio Grupo da Amizade, que acolhe 35 pessoas perdeu o convênio no ano passado com a Administração. “Se fechasse, eu nem sei pra onde eu ‘ia'”, desabafa uma das pacientes que preferiu não se identificar.

Para o responsável pela casa, a falta de recurso compromete o atendimento. “Ficamos sem telefone, com o aluguel atrasado, desde junho do ano passado. Estamos com pagamento de funcionários atrasados desde outubro do ano passado. A situação hoje é de calamidade. Estamos prestes a fechar a casa de apoio por falta de verba”, afirma o presidente Casemiro Lopes.

A Secretaria de Saúde afirma que interrompeu convênio com a unidade por conta de irregularidades na prestação de contas e explica que outras duas unidades prestam o serviço.

Americana
A única casa de apoio de Americana (SP), a Associação Ecumênica dos Portadores de HIV, está sobrecarregada e recebe pacientes até de São Paulo.

De acordo dados da instituição, a maioria das internações ocorre após a família abandonar a pessoa por causa do preconceito. “Poucas pessoas tem um olhar para quem é soro positivo ainda hoje. Acho que os municípios tinham que voltar os olhos para as casas de apoio porque a política está voltada para os dependentes químicos”, explica a presidente da organização Maria Regina Rocha Passarini.

Piracicaba
O Centro de Apoio aos Portadores do Vírus HIV, Aids e Hepatite Virais, uma ONG que atende pacientes com HIV em Piracicaba (SP) funciona em uma garagem. O trabalho é feito em condições improvisadas. Sem dinheiro para pagar aluguel, os voluntários usam a instalação para guardar cadeiras, preservativos e folhetos com orientação.

Segundo o presidente da entidade, Paulo Henrique Soares, pelo menos 25 pessoas com a doença vivem em espaços públicos da cidade, mas que o local não tem espaço e condições para receber as pessoas que não tem abrigo enquanto passam pelo tratamento na cidade.  “Nós temos um paciente acamado há 25 dias com alta hospitalar na Santa Casa e estamos com dificuldade para levar ele para algum lugar, estamos sem saída”, explica. A prefeitura informou que a assistência aos pacientes é feita por meio de um centro de doenças infectocontagiosas.

Para a Prefeitura, a associação registrou corte de verbas depois de ser considerada uma entidade social, provocada por uma mudança na lei federal.

Fonte: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2013/01/situacao-precaria-em-casa-de-apoio-prejudica-tratamento-paciente-de-hiv.html