Você certamente planejou a sua aposentadoria e o que fará quando parar de trabalhar. Mas… Você já pensou no que vai fazer quando ficar bem idoso? Quando as pernas realmente falharem, os olhos ficarem fracos e os ouvidos não puderem mais ouvir conversas banais na sala de jantar?
Não existe outra alternativa para não morrer, somente o envelhecimento. É fato que, cada vez mais, temos uma grande parte da população brasileira que está envelhecendo ativamente, muito independente e com autonomia completa. Não precisam dos filhos e da família para nada. Como se fossem jovens. E nessa definição de liberdade e independência, muitos idosos de hoje são jovens!
Mas, um dia… A idade muito avançada – 85, 90, 95 anos – vai chegar e, com ela, alguma doença mais incapacitante e a dependência. É inevitável. Já pensou? Digo mais, já planejou sua dependência? Não me olhe com essa cara de espanto! Da mesma maneira que a morte (essa, não planejamos), um dia a dependência virá.
Para os estudiosos da gerontologia e para a geriatria, dependência significa aquilo que você já sabe: não sou mais capaz de tocar minha vida sozinho, preciso de outras pessoas para me auxiliar nas coisas mais corriqueiras do dia-a-dia. Alguém me levará ao banheiro, alguém trocará a minha roupa, alguém fará a minha comida, alguém me dará banho. Tenho algumas doenças e condições que me impede de fazer tudo isso sozinho.
Percebo que os pontos cruciais nessa questão são: quem serão as pessoas que me auxiliarão? Eu poderei escolher quem será o meu cuidador ou a minha cuidadora? Essa pessoa ou essas pessoas respeitarão as minhas vontades e os meus desejos? Estarei consciente e preparado para aceitar auxílio, ajuda e amparo? Saberei a hora de aceitar a minha dependência e deixar que pessoas me ajudem? Com sabedoria e humildade, saberei pedir que me auxiliem?
O título desse artigo fala em futuro e dependência. Dá para planejar a nossa dependência? Em parte, sim. Explico melhor: posso escolher como quero serei cuidado. A seguir, escreverei algumas perguntas que poderão ajudar você, leitor, a planejar seu futuro com dependência. Ampliando mais nosso alcance, mostrar também para nossos pais saudáveis e nossos idosos cheios de vida esses questionamentos reais. Deles dependerá a qualidade de nossa vida com dependência e fragilidade.
Eu quero saber a verdade se tiver uma doença grave, incapacitante e que trará risco de morte?
Será minha escolha, junto com meu médico, qual o tratamento que me submeterei, em caso de doença grave e incapacitante (Alzheimer, câncer, Parkinson, derrame cerebral, etc.)
Eu quero que os médicos e minha família tentem de todas as formas possíveis me manter vivo, mesmo em condições de saúde extremamente precárias, com manobras de reanimação cardíaca e me mantendo indefinidamente em UTI?
Quem cuidará de mim, quando eu ficar dependente? Reformulando essa pergunta: quem eu escolheria para cuidar de mim?
Quem será responsável pelos meus interesses patrimoniais e financeiros? Com quem eu poderei contar para receber a minha pensão ou aposentadoria e pagar minhas contas?
Se eu não for mais capaz de gerir bens e pessoas, devido a doenças que possam afetar minha memória e juízo, que eu gostaria que fosse o meu representante, o meu curador?
Onde escolherei morar, quando ficar dependente e incapaz: na minha própria casa, na casa de algum filho ou em uma instituição de longa permanência (casa de repouso)?
Quem, de maneira nenhuma, eu não gostaria que cuidasse de mim, não tomasse conta de meus interesses financeiros e nem decidisse por mim?
Esse tipo de planejamento chama-se Diretivas Pessoais de Dependência. No Brasil, ainda não existe um suporte jurídico legal para tal ação, mas alguns idosos já se preocupam com essas questões e demonstram suas escolhas por escrito, em cartório e com familiares, amigos e advogado cientes. Como se fosse um testamento de vida.
Já parou para pensar nessa questão – O FUTURO COM DEPENDÊNCIA?
Fonte http://www.cuidardeidosos.com.br/o-futuro-com-dependencia/#sthash.eMbazRpR.dpuf