Vítima de agressão em Piracicaba diz que apanhou de GMs por ser travesti

 

O autônomo Evânio Soares da Silva, de 30 anos, disse em entrevista nesta quinta-feira (17) que foi agredido por dois guardas municipais de Piracicaba (SP) por ser travesti. Conhecida como Lilica, a vítima foi detida após reclamar da demora no atendimento em um pronto-socorro municipal. A travesti espera ser intimada para reconhecer os agressores.

Lilica relatou ao G1 que acompanhava uma amiga no pronto-socorro da Vila Cristina, no último domingo (13), quando a agressão aconteceu. “Essa minha amiga estava com dores no estômago e a acompanhei para dar apoio. Depois reclamamos da demora no atendimento e, do nada, surgiram os guardas”, contou.

De acordo com a vítima, os guardas a colocaram em uma viatura sem justificar o motivo. “O tempo todo perguntei porque faziam aquilo, mas não diziam nada. Quando percebi que estavam me levando para um matagal, pensei que fosse morrer.” Lilica disse que foi levada para uma área verde próxima a uma estrada municipal que liga o Centro ao distrito de Anhumas.

Ao chegarem no local, os guardas tiraram a travesti da viatura e a agrediram com socos e chutes na costela. “Um deles ficava falando ‘vamos matar, vamos matar’ e o outro respondia ‘deixe quieto, pois não vale a pena gastar bala com esse tipo de gente’. Enquanto isso, eu rezava para me deixarem em paz”, explicou.

A travesti, que assumiu a homossexualidade aos 12 anos de idade, disse que foi abandonada no matagal e que andou até chegar a um orelhão, de onde acionou a Polícia Militar. “Fui levada para o pronto-socorro da Vila Cristina, onde tudo começou, para ser examinada. Em seguida fiz boletim de ocorrência. Tive sorte de não ter acontecido nada mais grave comigo”, falou.

Lilica disse que não fez exame de corpo delito, procedimento padrão da Polícia Civil após qualquer tipo de agressão. “Falaram para eu ir para casa e esperar a intimação para reconhecer os guardas, o que ainda não aconteceu”, afirmou.

A vítima relatou ter sofrido preconceito pela opção sexual desde a adolescência, mas em nenhuma vez havia passado por algo parecido. “Quero ser ouvida para falar o que aconteceu. Assim posso ajudar para isso não acontecer com mais ninguém. Quero justiça”, contou.

A Guarda Civil Municipal informou que investiga a
denúncia de agressão (Foto: Fernanda Zanetti/G1)

Resposta da Guarda
A Guarda Civil de Piracicaba, por meio de assessoria de imprensa, informou que só vai se pronunciar novamente sobre o caso quando a investigação da corporação terminar. Em nota enviada nesta quinta, a Guarda apenas informou o procedimento de apuração da denúncia.

“A Guarda encaminha os documentos à Ouvidoria. Esta, por sua vez, inicia os procedimentos administrativos ouvindo a vítima, os indiciados e testemunhas. Se houve transgressão disciplinar, a Ouvidoria encaminha o processo para a Procuradoria Geral, que deverá abrir processo administrativo.”

Fonte: http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2013/01/vitima-de-agressao-em-piracicaba-diz-que-apanhou-de-gms-por-ser-travesti.html