Manifesto de apoio à liberdade de expressão religiosa

 

O Juiz de Direito, Dr. Eugênio Rosa de Araújo, pensa ser o dono da verdade e acaba de descobrir a pólvora. Insanamente o magistrado alega que os cultos de Umbanda e Candomblé não são legítimos, pois não são monoteístas e não têm um livro para guiar seus fiéis como a Bíblia ou o Alcorão.

Homem pequeno e de pequena visão ao respeito, à diversidade religiosa, ao respeito à nossa ancestralidade. Enquanto os católicos festejam 2014 anos do nascimento do Messias, na África, assim como na Ásia, Buda é cultuado à mais de 8000 anos antes do nascimento do calendário cristão. Na África, Xangô, assim como Ogum, dava seus sábios e longos conselhos aos seus povos, discorrendo como a justiça, a lealdade, a amizade, o respeito e a caridade eram importantes a seus súditos.

A proibição a qualquer manifestação religiosa é repudiada pelo Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Piracicaba-Conepir. Pois hoje são as religiões de Matrizes Africanas a serem perseguidas, amanhã serão as Neo Pentecostais, e sabe se lá onde isto vai parar.

Somos totalmente a favor da liberdade de expressão religiosa e temos o dever de protegermos nossa ancestralidade, mesmo que muitos de nós sejamos, hoje, evangelizados ou seguidores de diferentes segmentos religiosos. Não podemos abandonar a defesa de nossas raízes; não somos descendentes de escravos, mas sim descendentes de um povo que foi escravizado.

Tiraram nosso chão e a nossa liberdade, fizeram esquecer nossa língua mãe, cortaram nossas línguas, nos queimaram a ferro quente, fizeram toda a barbárie típica dos fracos que temem que os dominados se levantem, porém uma coisa nunca conseguiram tirar de nós negros: a nossa fé e o respeito aos nossos ancestrais. Não será hoje nem agora que iremos abrir mão do que nos é mais caro e que não conseguiram extirpar: A NOSSA FÈ.

Portanto, a marcha do toque dos Adjás tem nosso apoio, respeito, e acima de tudo admiração, pois não iremos permitir que nossas raízes sejam arrancadas de nossos corações, de nossa história e nem de nossas vidas. Esta é a luta, a nossa religiosidade. Tanto já nos foi tirado e dizem que reclamamos por nada, porém o que é nada para uns é tudo para outros, nosso eco irá longe, nosso grito irá balançar as estruturas do poder, não usamos máscaras pois não temos nada a esconder, ao contrário temos muito a mostrar.

Um antigo ditado Yorubá diz: “Um galho quebra sozinho, mas um fecho de galhos é inquebrável”.