Criação do núcleo ajudará no combate à homofobia em Piracicaba

QUINTA-FEIRA, 14 DE FEVEREIRO DE 2013 – ANO IX – N. 2000 -www.gazetadepiracicaba.com.br


Núcleo de defesa LGBTTT

Criação do núcleo ajudará no combate à homofobia em Piracicaba

 

ANDRÉ LUÍS CIA                                                                                                                                                                    Da Gazeta de Piracicaba

 

Um núcleo de apoio ao movimento LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) será criado no Caphivi (Centro de Apoio aos Portadores do Vírus HIV/Aids e Hepatites Virais), em Piracicaba, para lutar contra o preconceito e no combate à homofobia. Dentre as ações que eles pretendem trabalhar está a erradicação da violência contra essa população no município. Uma área conhecida por “Matinha”, segundo eles, transformou-se numa área problemática porque muitos jovens homossexuais têm sido agredidos no local, inclusive sendo amarrados, mas não denunciam por medo.


De acordo com o presidente da Caphivi, Paulo Soares, a Matinha é uma espécie de gueto da população homossexual da cidade, mas se tornou perigosa porque os homossexuais, principalmente jovens, começaram a utilizá-la para programas sexuais. “Sabemos de casos de jovens que já foram amarrados nas árvores, jogados no rio e que sofreram diferentes tipos de humilhação nesse lugar.


Além disso, muitos têm sido assaltados. Infelizmente não tem havido policiamento nessa área”, denunciou. Além de pedir mais segurança aos homossexuais, Paulo acredita que Piracicaba necessita de uma política mais forte que defenda os interesses da militância. Na cidade, já existe o Conselho da Diversidade, vinculado à Secretaria de Governo, mas o objetivo é que o município siga o exemplo de outras cidades, como Campinas, São Carlos, São Paulo (Capital), Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba que possuem um tripé de defesa dos interesses do movimento que, além do conselho, agrupa ainda um plano de enfrentamento à homofobia e o núcleo.


Para o presidente do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, Bruno Campos, os últimos casos de violência na cidade contra essa população motivaram a criação do núcleo. Em 2012, foram dois assassinatos, sendo um deles, da travesti Larissa e de um homossexual de 19 anos, encontrado desfigurado e morto em um matagal em 15 de junho. Segundo ele, em ambos os casos houve denúncias de que as vítimas foram mortas por atos de homofobia. No caso do rapaz, a Polícia Civil de Piracicaba prendeu um grupo que confessou a autoria do crime.

A morte de Larissa não foi esclarecida pela Polícia. “Estes são apenas alguns casos, mas existem muitos outros que não são denunciados por medo ou opressão. O núcleo vem para auxiliar nesta questão”. A assessoria de imprensa da Polícia Militar foi procurada, mas até o final desta edição não retornou o contato.


Paralelo a isso, a Caphivi alerta para o crescimento no número de casos de HIV entre a população jovem. Dados do Ministério da Saúde, divulgados no ano passado, apontam que entre jovens homossexuais, a doença passou de 24,3 casos por 100 mil habitantes para 26,9. A prevalência da doença entre os jovens gays de 18 a 24 anos, hoje, é de 4,3%. Segundo a pesquisa, a chance de um rapaz homossexual estar infectado pelo HIV é 13 vezes maior em relação aos jovens em geral.


De acordo com a Vigilância Epidemiológica de Piracicaba, de 1982 a 2011, a cidade registrou 1.494 novos casos do vírus HIV-1944.

Fonte: http://portal.rac.com.br/jornais/bkp_jornais/gp_digital_bkp.pdf